Rumores, mitos ou verdades na apneia ??


Desde que começámos a mergulhar e com o passar do tempo deparámo-nos com dúvidas recorrentes sobre determinados temas, algumas ideias erradas e outros “mitos”. Assim, decidimos fazer uma série de posts que respondem a algumas das dúvidas mais frequentes:

Compensação


1. “Já vi pessoas a mergulhar sem compensar os ouvidos”.

No mergulho livre, para quem começa como para quem vai a grandes profundidades podem ter os mesmos problemas, a compensação ou equalização, e pode ser um dos maiores factores limitativos para usufruir dos mergulhos, assim como na evolução desportiva.

A compensação dos ouvidos deve ser vista como um sistema global, trabalhando a elasticidade e relaxamento do corpo, do diafragma, da caixa torácica. O acto de compensar significa ter de enviar algum ar para o ouvido médio equalizando desta forma o tímpano (membrana que separa o ouvido médio do ouvido externo), ou seja, a compensação é um acto através do qual se obtém o restabelecimento do equilíbrio entre a pressão externa (ambiente) e a pressão do gás presente numa cavidade corpórea, no nosso caso ouvido médio e seios nasais.

Existe a tendência de associar o acto de compensar com o “levar a mão ao nariz”, mas pelo facto de essas pessoas não colocarem a “mão no nariz” não implica que não compensem.

Existem algumas pessoas que pelo controlo voluntário dos músculos da nasofarínge conseguem provocar a abertura dos músculos que garantem a passagem de ar para o ouvido médio, não necessitando de utilizar a “mão no nariz”, esta técnica tem o nome de BTV (Beance Tubaire Voluntaire/Abertura Tubar Voluntária).

2. “Para compensar, aperto o nariz e empurro o ar com força (faço a manobra de Valsalva)”.

Embora seja muito fácil de realizar, preferida pelos iniciados é também a mais violenta e que pode trazer problemas no futuro. A repetição constante da manobra Valsalva favorece uma rigidez das Trompas de Eustáquio, que induz à necessidade de uma pressão cada vez maior para compensar comprometendo a eficácia da manobra com o passar do tempo, seja ao fim de um dia de mergulho ou ao longo de meses.

Ao ser mais traumática pode causar problemas relacionados com o sistema auditivo. Para quem realiza esta manobra, convém iniciá-la logo após a viragem na superfície, repetindo a intervalos curtos durante toda a descida antecipando o desconforto, com intensidade leve a moderada, pouco traumatizante e pouco ruidosa mantendo o relaxamento, permitindo desta forma a ausência de esforço na compensação.

Existem outras manobras de compensação que são mais eficazes e menos prejudiciais, tais como a Frenzel e BTV.

A capacidade de compensar na água com a manobra de Frenzel depende sobretudo de um processo de aprendizagem e consciencialização, utilizando exercícios específicos e prática, sendo possível realizá-la com facilidade. As vantagens desta manobra são muitas, primeiro porque a força muscular requerida é mínima, portanto acarreta um gasto energético mínimo mas também por poder ser efectuada muito rapidamente e, com prática, obtemos pressões comparáveis à manobra de Valsalva.

A maior vantagem, no entanto, é obtida quando se mergulha em maior profundidade, pois quando se executa a manobra de Valsalva esta comprime o ar dos pulmões e em profundidade torna-se difícil de a realizar pois os pulmões já se encontram muito comprimidos pela pressão hidrostática.

Existem inúmeros textos que ensinam esta técnica, na teoria ou através de exercícios, embora na prática seja dficil de aplicá-los, levando as pessoas a desistir. Aqui entra o papel de um instrutor actualizado e competente, que através dos exercícios práticos leva os alunos a uma maior consciencialização e a perceberem as sensações que se deverá ter ao aplicar a técnica.

3. “Com que frequência é que se compensa os ouvidos?”

Devemos compensar o máximo de vezes possível. Como já falámos não se deve esperar até sentir desconforto nos ouvidos, porque poderá ser muito tarde e os ouvidos “bloquearem”. Se ao descermos, compensarmos o maior número de vezes pouco esforço será efectuado já que quanto mais baixa a diferença de pressão, mais fácil é a compensação, mantendo assim o relaxamento físico e mental.

Manter uma posição correcta da cabeça também garante uma execução facilitada da compensação. Assim podemos afirmar que existe uma correlação directa entre o relaxamento e facilidade de compensação.


Esperamos que, este post e os que se seguem, vos sejam úteis.

Se tiverem questões comentem para este post.

O próximo tema a ser abordado é a Respiração e a Preparação para o mergulho.

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